Sobre a Páscoa – Excertos da Mensagem ao Mundo Espiritualista

Páscoa – Esta mesma Festa a celebravam os judeus com grande solenidade, cinquenta dias depois da Páscoa do Cordeiro, em memória da Lei dada a Moisés no Sinai cinquenta dias depois da saída do Egipto, razão por que a denominavam Festa das Semanas, por ser celebrada sete semanas (com vistas a tudo quanto se falou na parte anterior desta Mensagem) depois da Páscoa. Era, do mesmo modo, chamada Festa das Primícias, porque no referido dia os israelitas levavam ao Templo as primícias dos frutos dos seus campos. Quanto à Páscoa, termo derivado do hebraico pesaj ou pesah, “trânsito”, equivalente ao inglês caster, provém de Ostara, a deusa escandinava da Primavera. Era o símbolo da ressurreição de toda a Natureza, por isso mesmo adorada no começo da estação florida. Era costume entre os pagãos escandinavos, na referida época do ano, permutar “ovos de cor”, chamados “ovos de Ostara”, que vieram a ser os actuais “ovos de Páscoa”. Segundo está expresso na obra Asgard e os Deuses (melhor dito, Aghardi e os Deuses…), “o Cristianismo deu outro significado a esse antigo costume, relacionando-o com a festa da Ressurreição do Salvador”, o qual – “como a vida latente no ovo” – dormiu no sepulcro durante três dias, antes que despertasse à nova vida” – o que é muito natural, pelo facto do termo Cristo estar identificado com aquele mesmo Sol da Primavera, que desperta em toda a sua glória depois da lúgubre e prolongada morte do Inverno. Esta mesma ideia, embora que ligeiramente velada, expõe-a Goethe na belíssima e pitoresca cena do Domingo de Páscoa que figura na primeira parte do Fausto. Uma das provas mais patentes da relação íntima que existe entre o Cristianismo e o culto do Sol e da Lua, é o facto da Igreja Romana haver fixado, irrevogavelmente, a Festa de Páscoa da Ressurreição no domingo (dia do Sol) que segue imediatamente ao décimo quarto dia da Lua (algo parecido com “os 14 pedaços de Osíris”, em busca dos quais andava Ísis, segundo as Iniciações egípciacas) a seguir ao Equinócio da Primavera, qualquer que fosse o dia da semana em que caísse. Daí o nome que se lhe deu de quanto decimales. Por outro lado, vê-se uma estreita relação entre a Festa Pascal e a vida da Natureza, no significativo facto da distinção estabelecida entre a Páscoa da Ressurreição ou Florida, assim chamada por ser celebrada na época do florescer das plantas, e a Páscoa de Pentecostes, designada vulgarmente na Catalunha com o qualificativo de Granada, que se celebra sete semanas mais tarde, no tempo em que começa a colheita dos frutos da terra, designada nas Escrituras (como já se disse) com o nome de Festa das Primícias, cinquenta dias depois da Primeira Páscoa. “O culto cristão, diz Burnouf, está distribuído segundo a marcha do Sol e da Lua. O nascimento do Cristo coincide com o Solstício de Inverno; a Páscoa segue de perto ao Equinócio da Primavera. No Solstício de Verão celebra-se a Festa do Precursor e acendem-se as fogueiras de São João. As demais festas acham-se distribuídas metodicamente nas outras partes do ano, seguindo uma ordem comparável com a das cerimónias védicas. Deve-se notar, acrescenta o mesmo autor, que o Solstício de Inverno ocorre quatro dias antes da Natividade, e o do Verão quatro dias antes da Festa de São João. O dia da Páscoa está regulado pelo Equinócio, embora ocorra no domingo que segue ao plenilúnio depois do Equinócio de Primavera. É provável, pois, que as Festas da Natividade e de São João sejam antiquíssimas, que coincidissem primitivamente com os solstícios. Sendo de cinquenta segundos por ano a precessão dos equinócios, acontece que quatro dias correspondem aproximadamente a 7.000 anos, porém, os quatro dias podem não ser completos.” E outra não foi a razão do Papa Paulo III (homem sábio e sincero) ter afirmado que “Cristo era o Sol adorado pela seita mítrica, e que Deus era o mesmíssimo Júpiter-Amon dos pagãos” (Lachatre, Os crimes dos Papas). E Bonifácio VIII afirmou que “os evangelhos ensinam mais mentiras do que verdades”, que “a prenhez da Virgem era absurda, a encarnação do Cristo ridícula e a transubstanciação uma tolice”, acrescentando mais que “as religiões haviam sido criadas por ambiciosos para enganar os homens, e que eram incalculáveis as somas de dinheiro que a fábula do Cristo havia produzido a favor dos padres” (Carlos von Koseritz – Roma perante o Século). Leão X abundava nas mesmas ideias, porém, antes dele já Alexandre VI tinha afirmado “não ser cristão nem crer na existência do Deus da sua religião” (da mesma obra de von Koseritz). Por tudo isso, é que o incomparável Teósofo espanhol Mário Roso de Luna já dizia: “Cristo é tudo ou nada. Como personalidade, isto é, como o aceita a Igreja e outros mais, não é coisa alguma. Como o aceita a Teosofia, isto é, como o Eu Consciência, o Eu Superior, o 7.º Princípio, Atmã, a Vida Imortal, etc., etc., é tudo”

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